Ajude-nos! Envie fotos e fatos relacionados para: ica1090@hotmail.com

Neste Blog apresentaremos em especial os materiais instrutivos deixados pelo Professor Amadio Vettoretti (falescido) relacionados à Região de Tubarão - SC e sobre os eventos que construíram a história de nossa bela cidade. Contamos também com a ajuda de amigos de perto e de longe que possuem materiais e conhecimentos sobre nossa história para compor nosso acervo no blog.

Uma iniciativa: "sos cidades" Prevenção, Preparação e Resposta às mais diversas situações de Emergências
Apoio: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias -Estaca Tubarão-

quarta-feira, 6 de março de 2013

1974- O Estado de São Paulo sobre a enchente em Tubarão-SC


Quinta feira, 28 de março de 1974

Jornal: O Estado de São Paulo

Tema: Enchente em Tubarão SC

Título: A cidade acabou agora começa a retirada.

O texto:

A
s águas baixaram, o sul voltou, as estradas foram abertas e começa a retirada; pouco a pouco Tubarão está sendo abandonada pelos sobreviventes de seus 70 mil habitantes. Alguns foram apertados em ônibus, outros, levados por parentes de automóvel, mas a maioria segue a pé pela BR 101. Poucos têm destino, mas todos sabem que Tubarão não existe mais, como não existem mais suas casas e seus bens que as águas levaram. Tubarão já é uma cidade oficialmente condenada. Sua morte foi decretada pelo governo militar ali instalado, que procura agora conduzir os flagelados para outras cidades.
 


Laguna, a 30 km, é uma das escolhidas para receber os sobreviventes de Tubarão. Todas as casas ao longo das praias de Laguna, vazias com o fim das férias de verão, foram requisitadas pelo exército para abrigar flagelados. “Tubarão já não existe mais”, decretou ontem no grupo escolar transformado em sede do governo militar, o seu comandante, Major Claudio Medeiros Varela. Ele é o autor do comunicado oficial divulgado ontem, no qual, entre outras exposições, determina a abertura de uma vala comum no cemitério para o sepultamento coletivo das vítimas.

 
 Segundo o prefeito Irmoto Fuerchuttes, até ontem à tarde, foram sepultados 30 corpos. A versão do Major Varela apresenta apenas oito enterrados no cemitério constantemente vigiado por guardas do exército. Em toda a cidade, porém, não se falava em menos de duas mil vítimas na tragédia. E as previsões as previsões mais pessimistas indicavam cinco mil mortos.

Os que não morreram aproveitavam o sol para sair, ou porque não tinham mais nada que os prendesse à cidade, ou por que eram encaminhados para outros locais pelo exército ou pela polícia civil. E apesar dessa diferença de motivos, a bagagem de todos que saiam a pé era uma só: no máximo uma mochila. Nas estradas, os que abandonavam Tubarão de automóvel ou de caminhoneta, levavam colchões  ou as poucas peças de mobília que sobraram, formando filas para passar as barreiras policiais, nos locais onde o asfalto desmoronou, abrindo enormes fendas.

A decisão militar de esvaziar a cidade se apoia basicamente no fato de que, além da destruição quase total, Tubarão não tem mais condições econômicas de sobreviver.

A usina Jorge Lacerda está paralisada e nem o ministro das minas e energia, Shigeaki Ueki estava ontem em condições de antecipar a data de sua volta às atividades normais.

E o problema se estende a toda região. O lavador de Capivari que beneficiava todo o carvão produzido na região para ser embarcado no porto de Imbituba, também não está funcionando. Ruíram quatro grossos pilares de uma antiga ponte, construída pelos ingleses para transportar o carvão  de Criciúma, Lauro Müller, e Urussanga para ser lavado em Capivari, e a ponte caiu. “a reconstrução vai demorar pelo menos uns quatro meses”, antecipava ontem um funcionário.

C
om a paralisação da lavagem do carvão, acabam também os empregos, vitais para a reconstrução de qualquer cidade.

A tarefa de esvaziar a cidade, o novo governo militar de Tubarão, está sendo auxiliado pela policia civil, por ele criada armando estudantes, comerciantes e profissionais liberais. É o seguinte o trecho do comunicado oficial que criou a policia civil e estabelece suas atribuições;

“A polícia civil deve:” A – Proibir o trânsito nas ruas da cidade de viaturas particulares e autorizando, por meio de passes o transito para carros de emergências, para pessoas que pretendem deixar a cidade, desde que haja condições de tráfego nas vias de acesso e comunicação com os municípios mais próximos.

                                               B – Controlar o consumo de combustível e gás;

                                               C- Evitar, a qualquer preço, saques no comércio local;

                                               D- Requisitar o transporte de alimentos;

                                               E- Fiscalizar e punir os infratores das normas de trânsito e dos autores de saques no comércio ou às residências particulares, bem como punir comerciantes que vendem mercadorias acima do preço normal;

                                               F- Proibir a permanência de pessoas sem autorização após as 20 horas nas ruas (toque de recolher).

Prefeitura municipal: deve encarregar-se da organização do cemitério,construindo uma vala comum na parte mais alta do morro,atrás do cemitério.Fotografar os cadáveres de frente e  perfil;obter óleo queimado para a colocação nas poças de água e bueiros evitando a proliferação de mosquitos;limpeza das ruas;distribuição de cal nos caminhos e locais flagelados para a colocação nas latrinas de emergência,abertura de latrinas publicas e de emergência nos locais mais atingidos pelas enchentes”.

Governo fixa-se na região afetada

O governador catarinense Colombo Salles, acompanhado do seu secretario e assessores dos serviços sociais, sobrevoou ontem a região atingida pelas enchentes e, segundo ele, só retornará a Florianópolis quando a situação melhorar. Ontem mesmo em Laguna, manteve uma reunião com os prefeitos da região, a fim de saber mais detalhes sobre os danos sofridos.
(continua)

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário